segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


A origem do termo samba


Imagine um compositor sentado à mesa. Cercado por seus instrumentos musicais, papéis e partituras ele gasta horas a fio tentando criar algo novo. Boa parte de seu trabalho já está pronto. Os instrumentos utilizados, o conjunto de notas usuais e, até mesmo, as roupas para a apresentação estão todos definidos. No entanto, falta um último detalhe que o perturba: “Que nome colocar nesse novo gênero musical que acabei de inventar?”

Essa situação seria, no mínimo, estranha. Até hoje, não se tem notícia de algum compositor ou artista que planejou os mínimos detalhes da criação de um novo tipo de música, chegando até a antecipar seu próprio nome. Usualmente, os gêneros musicais surgem com o passar dos anos, com a experimentação de diferentes músicos e contextos históricos bastante específicos. Um exemplo bem claro desse gradual processo de criação pode ser visto com a criação do samba.

Ao contrário do que se pensa, durante muito tempo, o termo “samba” não fazia referência a um estilo musical específico. Nesse período – entre os fins do século XIX e o início do século XX – as pessoas não costumavam “escutar samba”, elas “iam ao samba”. Para entendermos um pouco melhor devemos compreender um pouco da história dos escravos e da cidade do Rio de Janeiro no século XIX.

Nesse período, percebemos a ocorrência de dois importantes fatos históricos: a Abolição da Escravatura, em 1888, e, no ano seguinte, a Proclamação da República. Com a abolição dos escravos, um grande contingente da população negra do Brasil abandonou o campo e passou a buscar meios de sobrevivência nos centros urbanos do país. Muitos desses ex-escravos começaram a sair das fazendas da região norte-nordeste em direção à cidade do Rio de Janeiro.

Os negros que fizeram esse trajeto chegaram em uma cidade despreparada para receber esse novo contingente populacional. Dessa forma, os negros passaram a ocupar bairros mais afastados ou se instalaram nos cortiços espalhados pela cidade. Ao mesmo tempo, as dificuldades para se arranjar emprego e o problema da discriminação social foram dois fatores que promoveram a solidarizarão entre essas comunidades socialmente e economicamente excluídas.

Uma das formas mais comuns pelas quais os negros reafirmavam seus laços de amizade e cooperação ocorria durante as festas nas casas das “tias” ou das “vovós”. As casas das “tias” e das “vovós” eram grandes pontos de encontro daquelas comunidades. Durante essas festas, ocorria a celebração de rituais religiosos, o oferecimento de variados pratos de comida e a execução de diferentes manifestações musicais. Usualmente, aqueles que freqüentavam essas festam diziam que freqüentavam o “samba” na casa da vovó (ou da titia).

Dessa maneira, antes de surgir a música “samba” o termo era sinônimo de festa. Outros pesquisadores do assunto ainda relatam que o termo “samba” tem origem no termo africano “semba”, que era comumente utilizado para designar um tipo de dança onde os dançarinos aproximam seus ventres fazendo uma “umbigada”. Segundo o dicionário Aurélio o termo originário ainda significa “estar animado” ou “pular de alegria”.

Em 1916, Donga, foi considerado o primeiro músico a registrar a letra e a canção de um samba. Mesmo assim, até meados da década de 30 os componentes estéticos e musicais do samba sofreram grandes transformações. Ainda no início daquela década, o irreverente sambista Noel Rosa perguntou a um jovem compositor que lhe entregara uma letra: "Isso é samba ou aquela outra coisa que a Carmen Miranda canta?”. Com isso, podemos perceber que o samba teve diferentes significados e, enquanto música sofreu muitas transformações até chegar à forma contemporânea.

As origens do carnaval

Ao pensarmos sobre o Carnaval, temos o hábito de considerá-lo como uma típica festa brasileira. A presença dessa festividade em nossa cultura é tão grande que muitos chegam a afirmar que o ano começa depois do Carnaval. No exterior, essa mesma festa se transformou em um dos grandes referenciais da cultura brasileira. No imaginário de muitos estrangeiros “carnaval” está entre as três primeiras palavras quando o assunto é Brasil. 

No entanto, podemos afirmar que o carnaval não é uma festa brasileira. Remontando pesquisas históricas que chegam até a Antiguidade Clássica, temos informações que os festejos de carnaval passaram por muitas transformações e se fez presente em diferentes culturas do mundo. Até chegarmos ao Carnaval dos padrões hoje conhecidos, diferentes tipos de festa ocorreram com o mesmo nome. 

O carnaval é originário da Roma Antiga e, incorporado pelas tradições do cristianismo, passou a marcar um período de festividades que aconteciam entre o Dia de Reis e a quarta-feira anterior à Quaresma. Em Roma, a Saturnália seria a festa equivalente ao carnaval. Nela um “carro naval” percorria as ruas da cidade enquanto pessoas vestidas com máscaras realizavam jogos e brincadeiras. 

Segundo outra corrente, o termo “carnaval” significa o “adeus à carne” ou “a carne nada vale” e, por isso mesmo, traz em sua significação a celebração dos prazeres terrenos. Em outras pesquisas, alguns especialistas tentam relacionar as festas carnavalescas com os rituais de adoração aos deuses egípcios Ísis e Osíris. 

Mesmo contado com a resistência de algumas alas mais conservadoras, o Carnaval passou a contar com um período de celebração regular quando, em 1091, a Igreja oficializou a data da Quaresma. Contando com esse referencial, o carnaval começou a ser usualmente comemorado como uma antítese ao comportamento reservado e à reflexão espiritual que marcam a data católica. Assim, a festa carnavalesca passou a ser compreendida como um período onde as obrigações e diferenças do mundo cotidiano fossem anuladas. 

Durante a Idade Moderna, os bailes de máscara, as fantasias e os carros alegóricos foram incorporados à festa. Com o passar do tempo, as características improvisadas e subversivas do Carnaval foram perdendo espaço para eventos com maior organização e espaços reservados à sua prática. Grande parte da inspiração do nosso carnaval contemporâneo foi trazida com a grande influência que a cultura francesa teve no Brasil, principalmente, no século XIX. 

Atualmente, o prestígio alcançado pelos desfiles de carnaval, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e a disseminação das chamadas micaretas trouxeram novas transformações ao evento. Alguns críticos chegam a afirmar que o sentido popular da festa perdeu lugar. Apesar dessas mudanças, esse quatro dias do calendário são aguardados com muita expectativa. Seja pela expectativa do festejo, ou pelo descanso. 

Carnaval no Brasil

No século XVII, os portugueses trouxeram para o Brasil uma festa popular chamada Entrudo. Tal festa era basicamente formada por brincadeiras, como sujar e molhar as pessoas com água, limão, farinha, terra, vinhos, sucos e coisas em estado de putrefação. 

A partir de 1870, o Entrudo vagarosamente deixou de ser festejado dando lugar aocarnaval. Eram bailes e desfiles glamurosos, cuja inspiração era buscada na Europa. Tal substituição priorizou a classe bem sucedida da população, pois os menos favorecidos que compunham a maior parte dos festejantes do Entrudo não tinham condições de pagaros altos valores cobrados nos clubes e bailes. 

A classe baixa então buscou realizar suas festividades nas vias públicas com a construção de blocos, grupos de maracatus, frevos, até que, em 1928, surgiu a primeira escola de samba: a Deixa Falar, que posteriormente recebeu o nome de Estácio de Sá. A partir desse período, o carnaval de rua foi priorizado nas grandes cidades brasileiras. 

Em 1935, as prefeituras passaram a contribuir com a organização do carnaval, oferecendo ajuda de custo para a construção de diferentes desfiles e carros alegóricos

Carnaval no Mundo

Diferentemente do carnaval festejado nos países latino-americanos, porém com o mesmo intuito de livrar-se da realidade do cotidiano, a Alemanha mantém uma longa tradição carnavalesca, onde o carnaval é chamado de Karneval. 

As comemorações mais conceituadas do carnaval na Bélgica são de Binche, de Fosses-La-Ville, de Aalst entre outras. A celebração no país é antiga, existe registro do ano de 1892, em Herenthout.

Na Áustria, o carnaval é chamado Fasching.

No Brasil, o carnaval é uma das festas mais tradicionais, o país praticamente pára e cada estado festeja de acordo com seu costume. Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo são responsáveis pelas festas mais famosas e suas tradicionais escolas de samba. Outro carnaval muito conhecido e badalado pelos seus trios elétricos e pela músicabaiana é o de Salvador. 

O bloco carnavalesco Galo da Madrugada e vários outros marcos do carnaval, como os Bonecos Gigantes de Olinda se concentram no Estado de Pernambuco, nas cidades de Recife e Olinda. 

O maior carnaval norte-americano acontece em Nova Orleans. O Mardi Grass, que significa terça gorda, foi iniciado em 1857. A primeira vista parece que o carnaval nos Estados Unidos resume-se somente a essa comemoração. Porém, o Mardi Grass também é festejado em outras cidades do estado de Luisiana e em estados vizinhos.

No Japão também existe carnaval, mas em um uma época diferente. No mês de agosto do ano passado, Tóquio reuniu meio milhão de pessoas para assistir as 25 escolas de samba locais.

Cuidados com o Corpo Durante o Carnaval


carnaval é uma das datas comemorativas mais agitadas de todas, se não for a mais. As pessoas se divertem bastante, sendo que por vezes, essa agitação é extrapolada. De fato, alguns cuidados devem ser tomados para que quem for para a badalação, possa manter seu corpo em um bom estado. 

Quem vai comemorar todo o carnaval deve estar ciente que isso é uma maratona. O que acontece, na maioria das vezes, são pessoas que não possuem nenhum tipo de prática física, sedentárias, que vão comemorar quatro dias de folia. Nestes casos, o organismo não está preparado para esse ritmo, sendo necessários maiores cuidados, uma vez que o exagero na hora da folia pode causar problemas. 

O ideal é que os foliões se preparem uma semana antes do carnaval, fazendo uma dietamais leve: legumes, verduras e frutas. Esses alimentos são recomendados pelo fato de serem de fácil digestão, já que uma digestão mais lenta provoca um maior cansaço e dessa forma, um maior tempo de recuperação será necessário. Tempo este que pode ser bem nos dias da folia, portanto, feijoada e carnaval não combinam. 

Outro elemento essencial que quem vai festejar o carnaval deve lembrar é a hidratação. As pessoas se agitam, pulam e dançam bastante, acima do normal. Além disso, vale lembrar que o carnaval é realizado durante a estação mais quente do ano, verão. Por esses fatores, pode ocorrer a desidratação do organismo. Assim, é recomendável beber bastante água, sucos naturais e água de coco. Vale ressaltar que bebidas como cerveja e refrigerante, embora sejam refrescantes, não hidratam o organismo.

Samba Enredo

O samba enredo é uma modalidade do samba moderno que surgiu em 1930, como peça oficial do carnaval no Rio de Janeiro, para dar mais vida ao desfile de uma escola de samba. Esse é criado com letra e melodia relatando fatos da natureza, do próprio samba e da vida daqueles que estariam sambando na avenida. A partir de 1930, os sambas enredos passaram a focar personagens, fatos históricos, temas culturais e sociais contando a história da personagem ou relatando algum fato. 

Em 1946, os sambas enredos não mais podiam ser improvisados na hora do desfile. A partir desse período eles passaram a ser criados com bastante antecedência. Dessa forma, inúmeros sambas enredos são criados para que a melhor letra e melodia sejam escolhidas. 

Como peça fundamental do carnaval, o samba enredo é um dos quesitos julgados pelos júris em cada escola de samba. Esse, não tem regra acerca de sua melodia, sendo que pode ser apresentado de forma romântica, badalada ou calma, importa apenas que seja condizente com a apresentação da escola. 

Samba: Produto do Morro?

“Não deixa o samba  morrer, não deixa o samba acabar... O morro é feito de samba, de samba pra gente sambar”. Essa música gravada na voz da cantora Alcione faz menção a uma idéia arraigada no pensamento de muitas pessoas. Geralmente, temos o costume de imaginar que o samba foi uma música criada pelas populações que habitavam os morros do Rio de Janeiro, a partir do final do século XIX. 

É bem verdade que muitas das chamadas escolas de samba, responsáveis pelos desfiles do carnaval carioca, são mantidas por comunidades que se encontram nas favelas espalhadas pela cidade. No entanto, se tivermos o cuidado de nos reportar para momentos anteriores da própria História do Samba não poderemos dizer que o samba é um gênero musical pertencente a um local específico ou de uma determinada comunidade. 

Por um lado, os historiadores do samba e do carnaval, destacam a influência da casa das “tias” na definição estética do samba. A casa da Tia Ciata ou Tia Aceata era um grande ponto de encontro de grandes sambistas que viriam a surgir nas primeiras décadas do século XX. Em grande parte, eles eram negros das camadas médias e populares que se agrupavam para festejar, brincar e tocar em conjunto. Entre tais sambistas podemos destacar os nomes de Donga, Mauro Almeida, João Baiana, Caninha, Sinhô e Pixinguinha.

No entanto, podemos lembrar que o samba também contou com outros músicos, compositores e intérpretes que não representavam a idéia do negro habitante do morro. O célebre sambista Noel Rosa, o poeta da vila, foi nascido e criado em Vila Isabel. Na Pavúna, samba de grande sucesso no carnaval de 1930, foi composto por Almirante, um ex-militar e radialista que se consolidou como um dos grandes nomes da história do samba. Além desses nomes podemos também fazer referência ao legado deixado por Mário Reis, Carmen Miranda e Francisco Alves.

O que podemos constatar é que o samba foi uma invenção da cultura urbana carioca e contou com a interferência de diferentes sujeitos históricos. O simples fato da casa da Tia Ciata se encontrar em uma praça, local de encontro de diferentes pessoas, colabora com a idéia de que o samba não respeitou as limitações sócio-econômicas ou o problema da exclusão racial. Dessa forma, podemos chegar à conclusão de que o samba, conforme salientou o historiador José Adriano Fenerick, não é nem do morro, nem da cidade.

FONTES:http://www.mundoeducacao.com.br/carnaval/





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